Obrigado, Zé, pelos teus votos. Aqui te deixo, como se de um abraço grande se tratasse, para ti, teus pais, mano e avós,um poema de Natal, que colhi ontem na linda Biblioteca Municipal da Horta, para onde corri a proteger-me da valente chuva. Diz que o Natal é de todos, em todo o lado. É em Dezembro, mas pode ser em todo o ano. O que é verdade. Natal, e não Dezembro Entremos, apressados, friorentos, numa gruta, no bojo de um navio, num presépio, num prédio, num presídio, no prédio que amanhã for demolido... Entremos, inseguros, mas entremos. Entremos, e depressa , em qualquer sítio, porque esta noite chama-se Dezembro, porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos, duzentos mil, doze milhões de nada. Procuremos o rastro de uma casa, a cave, a gruta, o sulco de uma nave... Entremos despojados , mas entremos. Das mãos dadas talvez o fogo nasça, talvez seja Natal e não Dezembro, talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira (Cancioneiro de Natal.1960-1987)
Obrigado, Zé, pelos teus votos.
ResponderEliminarAqui te deixo, como se de um abraço grande se tratasse, para ti, teus pais, mano e avós,um poema de Natal, que colhi ontem na linda Biblioteca Municipal da Horta, para onde corri a proteger-me da valente chuva.
Diz que o Natal é de todos, em todo o lado. É em Dezembro, mas pode ser em todo o ano. O que é verdade.
Natal, e não Dezembro
Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa , em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos despojados , mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira (Cancioneiro de Natal.1960-1987)